Todo mundo conhece alguém que se ofende muito rápido. São pessoas que não suportam ter suas opiniões questionadas. Se nosso ponto de vista é diferente, isso se torna uma questão pessoal. Quando estamos com alguém assim, tentamos tomar um cuidado extra com as palavras para evitar conflitos. É cansativo quando se tem que tomar todos esses cuidados. Mas acredite, é muito mais cansativo para a própria pessoa.
Foi lendo os livros de Carlos Castaneda que tomei contato com a noção da auto-importância. No livro, “Viagem a Ixtlan”, Don Juan aborda o tema de forma incisiva e direta:
“_ Você se leva a sério demais. – disse ele devagar. _ É muito importante na sua concepção. Considera-se tão importante que acha que tem razão de se aborrecer com qualquer coisa. É tão importante que pode ir embora se as coisas não lhe agradam. Imagino que pense que isso demonstra força de caráter. Isso é besteira! Você é fraco e convencido! ”
“Enquanto você achar que é a coisa mais importante do mundo, não pode apreciar realmente o universo em volta de si. É como um cavalo com antolhos, só o que vê é você separado de tudo o mais. ”
Auto-importância não é autoestima. O amor pessoal é uma necessidade. Temos que cuidar de nós mesmos, carinhosamente, temos que aproveitar a experiência de estarmos neste planeta agora. E para tanto, é preciso generosidade, com os outros e para conosco.
Mas, na auto-importância, o foco é a ilusão de ter que se provar ser o melhor! A pessoa gasta uma energia e um tempo infinito tentando se convencer disso. Sua autoestima está baseada em quantos “aplausos” ou “vaias” recebe. Ou seja, existe uma luta inglória e infinita para provar, para o mundo e para si mesmo, que se é uma pessoa Especial, Diferente, Única, Superior em algum sentido”. A vida fica difícil. E chata. Que tipo de relação pode-se estabelecer quando é preciso se convencer o tempo todo de que se é “O/A Cara”?
Foi lendo e considerando a verdade desses fatos que consegui me livrar, parcialmente, da auto-importância. É um trabalho constante, mas há indicadores indiscutíveis. Você fica infeliz quando é contrariado? Fica irado ou irritado diante de alguma crítica? Se sente o último dos mortais quando alguém ri de você?
Se a resposta é sim, você pode estar gastando sua preciosa energia para agradar uma ilusão de superioridade. Jogar tudo isso fora, libera para cada um de nós, um montante de leveza extra e a possibilidade de viver a vida além do filtro “eu, meus problemas, minhas opiniões ”
E se você estiver diante de uma pessoa que deseja desesperadamente provar que ela está certa e resolver massacrar todo mundo para provar isso, deixo uma sugestão proveniente do mundo infantil: Faça como os pinguins de Madagascar! Sorria e acene! E continue alegremente vivendo sua vida.